"Etiemble afirma que o prazer poético talvez seja de origem fisiológica. E mais precisamente: muscular - muscular e respiratória". (...) O ritmo verbal é histórico, e a velocidade, lentidão ou tonalidades que o idioma adquire neste ou naquele momento, nesta ou naquela boca, logo tendem a se cristalizar no ritmo poético" (...) " O prazer poético é prazer verbal e está fundado no idioma de uma época, uma geração e uma comunidade.
(...) Recitar versos é um exercício respiratório, mas é um exercício que não termina em si mesmo. Respirar bem, plena e profundamente, não é só uma prática de higiene nem um desporto, mas uma maneira de nos unirmos ao mundo e participarmos do ritmo universal. Recitar versos é como dançar com o movimento total de nosso corpo e o da natureza". (...) "Recitar foi - e continua sendo - um rito. Aspiramos e respiramos o mundo, com o mundo, num ato que é exercício respiratório, ritmo, imagem e sentido, em unidade inseparável. Respirar é um ato poético porque é ato de comunhão. Ai, e não na fisiologia, reside aquilo que Etiemble chama de 'o prazer poético'."
(...) "o prazer poético se reduz a uma espécie de ginástica, na qual intervém os lábios, a língua e outros músculos da boca e da garganta." (...) "Os versos nos causam prazer porque provocam e suscitam movimentos agradáveis dos músculos". (...) "para que o verso seja belo as palavras devem estar dispostas na frase de tal modo que seja fácil o esforço requisitado para sua pronunciação". (...)
(Octavio Paz in O Arco e a Lira)
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