quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Dylan Thomas


Em meu ofício ou arte taciturna

Em meu ofício ou arte taciturna
Exercido na noite silenciosa
Quando somente a lua se enfurece
E os amantes jazem no leito
Com todas as suas mágoas nos braços,
Trabalho junto à luz que canta
Não por glória ou por pão
Nem por pompa ou tráfico de encantos
Nos palcos de marfim
Mas pelo mínimo salário
De seu mais secreto coração.
Escrevo estas páginas de espuma
Não para o homem orgulhoso
Que se afasta da lua enfurecida
Nem para os mortos de alta estirpe
Com seus salmos e rouxinóis,
Mas para os amantes, seus braços
Que enlaçam as dores dos séculos,
Que não me pagam nem me elogiam
E ignoram meu ofício ou minha arte.


Dylan Thomas (1914-1955), "Poemas Reunidos", trad. de Ivan Junqueira

Um comentário:

  1. Oi Gabriel
    Obrigada pelo comentário no meu blog osussurrodascoisas24x7.blogspot.com. Gostei muito do "O Verbo desencarnado". Temos muita coisa em comum, inclusive um dos livros que marcaram minha vida foi "Livro sobre nada", de Manoel de Barros. Um grande abraço. Marilia Brandão Lemos

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