domingo, 29 de agosto de 2010

A Pé





A PÉ


andando pela rua Barão de Piumhi
vi as neblinas moverem
seus arcabouços de mármore
sob a lucidez dos
postes

automóveis raramente rompiam
o relento
dormente no asfalto

no alto
a lua era um submarino amarelo
entre um cardume de estrelas

os prédios recomeçavam a cirandagem
mas na margem
a calçada era um convite
à solidão e
à incerteza

no entanto meus passos sondavam
sentindo o sabor insone
da voragem

o silêncio sussurrava o seu veneno

qualquer caminho me levaria
de volta para casa


Gabriel Nogueira Ferreira

(poema publicado em"Planador" livro 3 da AFL)

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