sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Paul Éluard



Paul Éluard, pseudônimo de Eugène Emile Paul Grindel (14 de dezembro de 1895, Saint-Denis, perto de Paris - 18 de novembro de 1952, Charenton-le-Pont, perto de Paris) foi um poeta francês, autor de poemas que circularam clandestinamente durante a 2a Guerra Mundial, contra o nazismo.
Participou no movimento dadaísta, foi um dos pilares do surrealismo, abrindo caminho para uma ação artística mais engajada, até filiar-se ao partido comunista francês. Tornou-se mundialmente conhecido como O Poeta da Liberdade.
É o mais lírico e considerado o mais bem dotado dos poetas surrealistas franceses.


3 Poemas




AMOROSA


Ela pousa em minhas pálpebras,
Põe seus cabelos sobre os meus,
Tem a forma de minhas mãos,
Tem a cor dos meus olhos,
Se entranha em minha sombra
Como uma pedra contra o céu.
Ela nunca fecha seus olhos
Nem me deixa mais dormir.
Em pleno dia, seus sonhos
Dissipam os sóis,
Fazem-me chorar, chorar e rir,
Falar sem ter nada para dizer.

A NOITE

Acaricia o horizonte da noite, busca o coração de azeviche que a aurora recobre de carne. Ele te porá nos olhos pensamentos inocentes, chamas, asas e verduras que o sol ainda não inventou. Não é a noite que te falta, mas o seu poder.


ORDEM e TURBULÊNCIA DO AMOR



Para começar citarei os elementos

A tua voz os teus olhos as tuas mãos os teus lábios





Eu vivo sobre esta terra e pergunto-me


Se nela viveria se tu nela não estivesses também





Neste banho postado em face


Do mar de água doce





Neste banho que a chama


Edificou nos nossos olhos





Este banho de lágrimas jubilosas


Em que penetrei


Pela virtude das tuas mãos


Pela graça dos teus lábios





Este estado humano primordial


Como uma pradaria dos começos





Os nossos silêncios as nossas palavras


A luz que se vaiA luz que de novo volta


A aurora e o crespúsculo fazem-nos rir





No cerne do nosso corpo


Tudo se torna flor e amadurece





Sobre a palha da tua vida


Onde deito a velha carcaça





Em que me tornei por fim.

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