sexta-feira, 18 de março de 2011

poema sem título

Começo a sentir a fragrância do silêncio
que advém das ruas
impregnando-se
junto aos aromas
que se exalam de minhas
insones palavras.

Na estante
os livros são pássaros
alongando suas delgadas asas.

Entre as altivas nuvens
que permeiam minha mente
almeja-se
o anjo supersônico de Murilo Mendes.

Daqui de dentro
consigo ouvir a sinfonia dos grilos
ecoando
no estômago obscuro
e argiloso
da noite.

De um galho
a lua despencou e se eclodiu
no fundo de meu quintal.

Houve um grande estrondo.

Morri afogado
na luz.


Gabriel Nogueira Ferreira
Santa Helena de Minas
17-03-2011

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